O Templo de Herodes já não existe, mas, nas escadas que levam aos quadrados rodeados de colunatas onde se erguia o templo, ainda percebemos algo de sua história. Estes degraus polidos e gastos por sandálias antigas são os degraus de Herodes, o topo da longa escada onde os rabinos antigos se encontravam com seus seguidores antes de caminhar com eles até os pátios, em cima, onde davam aulas, à moda helenística, sob as grandiosas arcadas. Por estes degraus, também Jesus deve ter passado a caminho de expulsar os vendilhões. A troca da moeda romana pagã pelo dinheiro local, para que a compra de animais para o sacrifício tivesse a pureza ritual, demonstra um zelo nacionalista que repercute em uma visita nos dias atuais à plataforma do Templo: pa¬ra entrar, pagamos em siclos israelenses, mas recebemos o ingresso com o preço marcado em libras jordanianas.
As entradas principais do antigo Templo ainda são meio visíveis no muro a oeste do topo da escada; porém, algumas pedras impedem a passagem para as escadas ascendentes, que agora estão sob a Mesquita al-Aqsa, mas outrora se erguiam até um enorme pátio aberto. Dali veríamos o muro externo do recinto do Templo que os não-judeus, avisados por proibições em várias línguas, não podiam ultrapassar. Hoje tudo isso desapareceu e o que resta das construções de Herodes são os túneis de entrada subterrâneos, os muros da plataforma do Templo e as entradas bloqueadas para os antigos degraus. A magnífica cornija acima da porta do norte pertence provavelmente ao estilo bizantino primitivo, talvez mesmo ao islâmico. Três camadas acima dela, agora colocada de cabeça para baixo no muro, está a base da estátua romana dedicada ao imperador Adriano. No século II d. C, todos os judeus foram banidos de Jerusalém e proibidos, sob pena de morte, até mesmo de olhar para a cidade. O Templo de Jeová foi varrido da face da terra. Jerusalém, a Cidade Santa, foi reduzida a cinzas e entulho, e a terra foi ritualmente arada pelos sacerdo¬tes romanos. Adriano deu à cidade um novo nome, Aélia Capitolina, e ali postou uma legião. A base de sua estátua é do templo imperial dessa legião: as belas pedras cor de bronze guardam toda a triste história.
Por um breve período, o templo de Herodes brilhou ao sol e os sacerdotes cuidaram de Jeová no Templo e fizeram sacrifícios diários. Porém, os romanos estavam ocupados com guerras a leste da Judéia, e as províncias orientais sofriam pesados impostos pa¬ra o pagamento dos exércitos. Ao mesmo tempo, a luta também interrompeu o comércio, que era o que dava vida ao helenismo. O fraco governo e os pesados impostos exasperaram e empobreceram grande parte do império oriental. Na Judéia, os mercadores e sacerdotes helenizados perderam a afinidade com Roma, e os cidadãos comuns, há muito horrorizados com as blasfêmias dos soberanos, descobriram uma causa em comum com os senhores nativos. A economia juntou-se ao sentimento religioso e, para surpresa de ninguém, exceto dos romanos, trinta anos depois da crucifixão de Jesus, estoura a rebelião, tendo os sacerdotes do Templo lançado o desafio, recusando-se a realizar o sacrifício imperial diário. A Judéia e a Galileia tinham poucas guarnições romanas, o que permitiu que os líderes judeus tivessem tempo de se preparar para a inevitável investida romana. A defesa da Galileia, no norte, foi confiada a Flávio Josefo, nobre de Jerusalém, que anos mais tarde escreveu a longa e detalhada história que contém praticamente tudo o que sabemos sobre os terríveis acontecimentos que se seguiram.
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