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Abro os olhos…
Estou sozinho…
É noite…
A Lua alta no seu esplendor brilha como nunca antes,
O vento moderado, trespassa pelas minhas roupas,
Sinto um arrepio,
Está frio…muito frio…
Olho para baixo…
As rochas grandes e pequenas, agrupadas…
O mar em toda a sua extensão,
As ondas desenvolvem, progridem,
A cada onda que chega a terra, altera-a um pouco mais…
Nem uma viva alma em redor,
Nem um som de outro ser vivo,
O único som que oiço é o do vento a soprar e o das ondas a bater nas encostas,
A beleza deste cenário é espantosa…
Fecho os olhos…
Visualizo na minha mente este cenário,
Não estou sozinho,
Tenho-a a meu lado, abraçada a mim,
Sinto o seu calor…
É tão reconfortante…
Olho para ela, para os seus olhos, olho-a na alma,
Que ser mais perfeito…
Agradeço ao poder superior a dadiva que me deu,
Só ele sabe o quanto estimo tal ser…
Aproximo os meus lábios aos dela…
O beijo…
O calor, a paixão, o amor,
Tantos sentimentos num turbilhão de emoções tão difícil de descrever…
Abro os olhos…
Estou sozinho…
Não passou tudo de uma fantasia de tempo idos,
De tempos que insistentemente persistem na minha mente…
Olho para baixo…
As rochas, as ondas continuam na sua dança eterna, no seu vai e vem…
Dou um pequeno passo…
Estou a beira do precipício…
Abro os braços como se fosse abraçar o céu…
Fecho os olhos novamente…
Agradeço tudo aquilo que fizeram por mim…
Obrigado…
Mais um pequeno passo, este sem retorno…
Estou a cair…
Abro os olhos…
As rochas, as ondas cada vez mais perto…
Uma sensação de liberdade invade-me a alma,
A muito que não me sentia assim…
A minha libertação…
Já não falta muito…
Está quase…
O fim…
Abro os olhos…
Estou na minha cama…
Não passou de um sonho, de um desejo inconsciente de libertação…
Estarei assim tão deprimido?
Questiono-me…
A resposta não a sei…talvez não queira saber…
Mais um dia para viver, ou melhor sobreviver,
Pois viver é uma emoção que a muito não sinto…
Digo para mim…
É só mais um dia, é só mais um dia…
Mas já são tantos que não suporto…
Estou cansado…
O meu corpo queixa-se,
A minha mente resmunga,
A minha alma suplica…
O meu maior desejo é corresponder aos seus pedidos…
Liberdade, paz de espírito…
Mas não sou capaz…
Amaldiçoo-o a minha fraqueza…
Maldita sejas…
Olho para o relógio,
São 4h da manhã…
Esboço um pequeno sorriso…
Ainda tenho tempo de voltar para o meu pequeno mundo,
Um mundo onde sou feliz,
Um mundo onde sou capaz de fazer tudo…
Fecho os olhos…
Adormeço…
E por mais uns momentos sou feliz…
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